sábado, 17 de julho de 2010

Chaves – Santiago 2010 A aventura pelas terras galegas no Ano Santo Xacobeo II

2ª Etapa Junqueira de Ambia > Castro Dózon


“Quando vais de bicicleta estás sempre a subir, porque as descidas são poucas e fazem-se depressa…”

Um peregrino (11-07-2010)
A manhã acordou nebulosa e fria, mas a antever a chegada em breve de um Sol abrasador…
A saída deu-se perto das oito horas (não sei se galegas se minhotas), mas antes disso fizemos uma paragem técnica para pequeno-almoço em que o Torcato Rocha aproveitou para arejar os pulmões com uns cigarrito da praxe… logo a seguir montou a sua burra para fazer a manhã a pedalar ficando o José Novo como homem do leme no sector logístico…
O início parecia ser duro, mas logo a partir do quinto quilómetro foi rolar calmamente até à cidade de Ourense ou como alguém dizia Ourém…
A cidade de Ourense (capital de província) é dividida pelo Rio Minho que passa turbulento e selvagem. É atravessado por diversas pontes das quais saliento a mais antiga em pedra e a mais actual que á uma verdadeira obra de arte.
A surpresa mais espectacular de Ourense foi a visita à catedral da cidade e à capela dedicada à via-sacra. É um verdadeiro tesouro do barroco com talhas douradas riquíssimas e pinturas a óleo que forram por completo paredes e tectos.
Passado o momento cultural avançamos em direcção a Cea, mas logo à saída de Ourense debatemos com a primeira dificuldade séria do dia que foi O Caminho Do Rei. Este caminho ancestral tem pendentes muito acentuadas, autênticas paredes que se prolongam por uns bons seis a sete quilómetros. Foi uma subida sofrida, muito lenta e com muito suor, mas lá chegamos ao alto e continuamos em direcção a Cea que alcançamos já na hora de almoço. A chegada a Cea foi brindada com uma filarmónica local que tocou no exacto momento que alcançamos a praça principal lá do sítio. Penso que foi uma justa homenagem ao esforço do Torcato que resistiu cerca de 50kms de muita dureza.
O almoço para não variar foi o do costume, porque em Espanha, aparentemente, só se comem saladas mistas e filetes de ternera. O momento do tacho foi bom, mas o problema veio a seguir com a saída, porque a 36º não há quem queira pedalar. A muito custo seguimos as setas amarelas não sabendo se estávamos a fazer o desvio para o famoso mosteiro de Oseira. Ao fim de oito quilómetros por caminhos tortuosos e sob um calor escaldante vislumbramos o mosteiro de Oseira, que fica literalmente no meio de nada. Há época este mosteiro era o motor da economia local, hoje é um ponto de visita obrigatória na Galicia rural. Reabastecemos à sombra do mosteiro e continuamos o nosso percurso… quando ao fim de duzentos metros de pedaladas encontramos um caminho de cabras, que durante dois quilómetros nos levou encosta acima até ao topo do monte sempre a empurrar a bicicleta, pois o BTT é impraticável neste troço. Foi a segunda grande dificuldade do dia.
Como tudo que sobe desce, iniciamos mais uma descida, quando de repente perdemos de vista as marcações. Como já tínhamos descido muito decidimos ir por estrada, cerca de 5km em direcção a uma aldeia onde voltamos a ver setas e retomamos o bom trilho.
Para finalizar a etapa entramos no monte em Piñor e nunca mais vimos vivalma… foram dez quilómetros que mais pareceram cem, com subidas constantes, sempre a pedalar até ao cimo do monte de onde se avistou finalmente a localidade de Castro Dózon.
Fizemos uma descida rápida até à freguesia e depois de encontrarmos o pessoal do apoio registamo-nos no albergue local, tomamos um banho refrescante e partilhamos a aventura entre todos…
Já a tarde ia longa quando resolvemos ir à procura de restaurante para retemperar forças. Fizemos umas pesquisas na zona e acabamos por jantar no único café da aldeia, onde por sinal fomos muito bem tratados.
O jantar para não variar foi mais do mesmo. Para surpresa e alegria do pessoal a empregada no fim do jantar trouxe os famosos chupitos de café, ervas e caramelo… foi um ver se te avias a provar de todos, mas o café continuou a ser o eleito. O Orlando, que estava sonolento, ganhou um brilho novo nos olhos. Depois dos chupitos atacamos, pouco, nas Estrelas de Galicia e nas Mahous,
Revivemos a aventura do dia e até contratos conseguimos arranjar… com alguns contactos sms para Portugal…
Como estávamos muito moídos fomos relativamente cedo para o albergue e assistimos a uma sinfonia de roncos até cairmos nos braços de Morfeu… porque o dia seguinte era longo e queríamos chegar a Santiago ainda relativamente cedo….

Dados do 2º dia

Quilómetros percorridos: 82.59

Tempo a pedalar: 6h 20m 44s

Média horária da etapa: 13.00

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